Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo

Daltonismo

Diagnóstico
Na maioria das vezes o diagnóstico é difícil. Muitas pessoas não chegam a ser identificadas como tendo daltonismo uma vez que o defeito é leve.
Nas formas graves - visão a preto e branco - com nistagmo, pelo contrário as manifestações de má visão são precoces. Mesmo assim muitas vezes são necessários exames muito sofisticados para fazer o diagnóstico.

Na forma mais comum de daltonismo, o diagnóstico faz-se com testes de visão cromática, dos quais os mais conhecidos são o Teste de Ishihara e o Teste de Farnsworth 100 Hue. São também utilizados o anomaloscópio de Nagel e o teste das lãs de Holmgreen. Mais recentemente utilizam-se outros testes mais sofisticados que contam com ajuda de computadores e com software especificamente desenvolvido para o estudo da visão das cores, mas que só estão disponíveis em centros muito diferenciados.

O teste mais utilizado é por isso o Teste de Ishihara, também conhecido por tábuas pseudo isocromáticas. O teste consiste numa sequência de cartões com ruído de fundo, constituídos por múltiplas tonalidades cromáticas, dentro das quais se apresenta um número que é facilmente reconhecido por uma pessoa normal mas não por um daltónico (Fig. 4).

Cartões de Ishihara Cartões de Ishihara

Fig.4: Exemplos de cartões de Ishihara

O teste de Farnsworth 100 é também muito utilizado pelos Oftalmologistas mas é um pouco mais difícil de executar e obriga a uma maior colaboração. Consiste de uma série de “discos” (Fig. 5) de cores com tonalidades intermédias que devem ser colocadas segundo uma sequência correcta por quem realiza o teste. O registo faz-se em forma de gráfico (Fig.6). 

Teste de Farnsworth 100 Hue

 

Fig.5: Teste de Farnsworth 100 Hue
 

Representação esquemática dos defeitos cromáticos com o teste de Farnsworth 100 Hue Representação esquemática dos defeitos cromáticos com o teste de Farnsworth 100 Hue

Fig.6: Representação esquemática dos defeitos cromáticos com o teste de Farnsworth 100 Hue. 

Tratamento
Não há tratamento para o daltonismo. Trata-se de uma doença genética e por enquanto não existe nenhuma forma de alterar o aparecimento ou o curso da doença. É possível que no futuro com a ajuda da engenharia genética seja possível manipular os genes de forma a alterar esta situação.

Por enquanto a única ajuda que se pode dar aos doentes é o aconselhamento genético, nomeadamente para os portadores das formas graves da doença, para que possam programar de forma racional a sua descendência. Relativamente às formas leves, mais frequentes, a doença pouco interfere com a qualidade de vida dos doentes. Há mesmo quem afirme que o daltonismo não é na verdade uma doença mas apenas uma maneira diferente de ver as cores.

Actualmente existem lentes que aumentam o contraste entre as cores; estas lentes ColorMax foram desenvolvidas para melhorar a discriminação entre cores que parecem iguais e podem dar alguma ajuda nas pessoas que têm dificuldade em distinguir o verde do vermelho.

Comentários finais

Exceptuando os casos graves, muito raros de cegueira por falta de todos os cones, o prognóstico é bom. É uma alteração que não se agrava ao longo da vida, e como vimos na maioria das vezes pouco ou nada interfere com a vida dos doentes.

Uma das dificuldades dos daltónicos poderia ser reconhecer as cores dos semáforos, de grande importância para uma condução segura. De uma forma geral a posição das cores dos semáforos permite distinguir qual das cores está acesa. Algumas cidades possuem semáforos adaptados para os portadores de daltonismo com a colocação de uma faixa branca ao lado da luz amarela permitindo distinguir se a luz acesa está abaixo ou acima da faixa luminosa. O problema põe-se mais relativamente aos semáforos dos comboios que têm as cores invertidas e  que nas passagens de nível podem por vezes gerar confusão. Os daltónicos devem ter conhecimento deste facto para evitar acidentes.

Curiosamente em situações pontuais, os daltónicos podem até ter alguma vantagem sobre as pessoas normais. A visão nocturna pode até ser melhor que a de uma pessoa normal. Por outro lado em situações de guerra os daltónicos têm por vezes mais facilidade em distinguir camuflagens ocultas nas matas, o que foi usado quer na guerra do Vietname quer na segunda guerra mundial para detectar inimigos em situação de combate.

Actualmente surgiu um novo problema para os daltónicos que se prende com o uso da Internet. De facto alguns sites apresentam características cromáticas que criam dificuldades de visualização aos daltónicos.

Finalmente uma referência aos casos muito raros de deficiência cromática que não sendo genética pode aparecer apenas na adolescência ou idade adulta pelo uso de certas drogas como a cloroquina, o álcool etílico e metílico e os tratamentos com laser de Árgon. Ao contrário do daltonismo estas situações podem agravar-se no tempo se a sua causa não for eliminada.

 

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